Li recentemente uma frase já não sei de quem, e que não consigo reproduzir textualmente, mas cujo conteúdo se resumia na ideia de que uma pessoa que se sentisse entediada quando sozinha, não seria uma pessoa interessante. Apercebi-me de que gosto de estar sozinha. Sozinha, estruturo-me para não me perder. E nesses momentos a minha vida é mais bonita, mesmo do ponto de vida estético.
Em casa, sinto-me a actriz principal de um filme qualquer. Seduzo-me. Visto calções curtos e não dispenso o soutien, a casa tem espelhos. Cozinho mais devagar, arrisco mais, experimento e surpreendo-me, porque não posso correr o risco de me cansar de mim. Bebo sempre em copo alto. Preparo a mesa com cuidado, como a meia luz, oiço música. Leio, páro quando quero, recomeço, volto atrás. Vejo filmes que interrompo para fazer print-screen. Também estendo a roupa e passo a ferro, de preferência ao pôr-do-sol, é preciso aprender a conhecer em nós estes pequenos caprichos e satisfazê-los. Acontece tudo ao meu ritmo e entendo-me bem comigo, desfruto da minha companhia e sou feliz nesses momentos.
Seduzo-me. E como em qualquer outra história de sedução há algo de falacioso. Uma parte que se esconde.
*"Thieves", She&Him
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