quarta-feira, 30 de junho de 2010

este post não é sobre política

Fazem-me comichão as prioridades morais de algumas pessoas.
Todo este aparato em torno da ausência do Presidente da Républica Cavaco Silva no funeral de José Saramago confunde-me. É do conhecimento público que os senhores não se davam. O segundo assumia publicamente algum desprezo pelo primeiro. Num funeral lida-se com a morte. Que é tipo a coisa mais verdadeira e incontornável de que me consigo lembrar assim de repente. Um momento íntimo, que não faz sentido que não tenha sentido. Acredito, em respeito à personalidade coerente do Sr. Saramago que ele se estaria nas tintas para a presença do Sr. Presidente. Colocar “obrigações do cargo” à frente das relações humanas provoca-me algum asco. Ao mesmo tempo respeito o Sr. Presidente, que acredito que tem inteligência suficiente para perceber que foi uma péssima jogada política. O que é engraçado no meio disto tudo, é que as pessoas que acham muito feio o Sr. Presidente não ter ido ao funeral são as mesmas que também acham muito feio uma Sra. Professora ter sido afastada do cargo de lidar directamente com crianças por ter posado nua para uma publicação que tem como funcionalidade aumentar as taxas de natalidade, enquanto ferramenta nos bancos de esperma. Colocar em causa a apreensão pedagógica de valores básicos como o respeito (no mínimo dos alunos em relação à dita professora - acrescento - não se trata de puritanismos extremistas, só me questiono como seriam as aulas com os meninos todos a ver a revista às escondidas, a rir e a apontar, a rasgar as melhores fotos e a deixá-las em posições estratégicas) é um preço ridículo a pagar pelo acto heróico da Sra.. Ora, a Sra. Professora é livre. o Sr. Professor é Presidente da República. Colocar em causa pedagogias todos perdoam, a verdade nas acções é que não.

...e a ervilha saiu da vagem.

O Sobre as Nuvens viveu quase 5 anos e sinto-lhe a falta. Como, ao contrário das pessoas, os blogues se podem substituir, aqui vem a Princesa da Ervilha. Tenho por hábito pensar em capítulos, na altura em que matei o Sobre as Nuvens não fazia sentido partilhar aquilo em que penso porque me parecia desnecessário para mim e para os outros. Há uns tempos li num artigo qualquer que as crianças não deveriam ter problemas em deixar os colegas copiarem, (...) assim se trocam inspirações. Não pretendo com este blog alterar a opinião de ninguém, mas se provocar alguma discussão fico satisfeita.