Como alguém uma vez me disse, em Godard é tudo poesia. Poesia conseguida com a atenção e dedicação a cada detalhe. Godard sabe que essa poesia só existe enquanto ele a controla.
Entendi (o meu entendimento de) Godard no dia em que encontrei uma fotografia de Jean-Paul Belmondo, quase oitenta anos, com a sua namorada “coelhinha”, que, ao que parece, também lhe estorquiu dinheiro. Godard matou-o em Michel e Ferdinand, porque era o único caminho para a imortalidade das suas personagens. Encontrou na morte uma forma de impedir que se tornassem banais, reais – preservando assim a poesia com que foram construídas. Eles viverão sempre naquele momento, em que deram tudo, foram mais. A morte confere imortalidade ao travar o movimento do tempo, gera finais dignos. Godard poupou assim as suas personagens à corrosão do tempo, da sociedade - da condição humana no geral.
A lei natural das coisas é que elas amadureçam numa evolução ascendente e que depois pereçam, numa evolução descendente. A fruta nasce, amadurece e apodrece. O mesmo acontece com os corpos, podendo ou não acontecer com as almas. É condição das coisas vivas que a beleza se desvaneça. A única forma de a preservar é destruí-la antes que tal aconteça.
Há momentos assim. Que deveriam acabar enquanto o final é digno. Para certos momentos permanecerem belos, não podem ter continuação, pois esta será inevitavelmente descendente.
Le Mépris (1963) - Jean-Luc Godard
amo Godard.
ResponderEliminarbaixo tudo que encontro de Godard.
pretendo um dia ter assistido toda a filmografia de Godard.
pesquisando sobre Godard cheguei aqui. :)
gostei do nome do blog.
gostei de outros posts.
me interessei em trocar outras idéias com vc.
gostaria de falar de Godard, por exemplo.
meu blog taí linkado e aqui, o email de contato:
tuafilhagosta@gmail.com
Obrigada :)
ResponderEliminarvou visitar o teu blog!