Entras-me pela pele. Posso fechar os olhos e a boca, tapar os ouvidos, mas não posso esconder todos os poros - ou evitar arrepios.
Rasgas-me quando não me tocas. Se me tocasses não rasgava, tornava-se concreto e perdia a força.
Tudo o que não acontece, acontece em nós com mais intensidade. É antes de acontecer que tudo é mais, tem mais poder, por tudo o que se idealizou, por tudo o que pode ser, porque pode ser tudo, acabar de todas as maneiras. Depois, é apenas o que foi.
A música, porque não a podemos agarrar, agarra-nos. Não a podemos possuir, tocar. Somos meros espectadores. Não perde a intensidade do meio porque é o meio, e entra, sem que tenhamos qualquer controlo, conta-nos as histórias que quer e conduz catarses.
A música e o desejo são feitos da mesma matéria, contam histórias que imaginamos mas que nunca foram as nossas. Porque, como num belo tango, a beleza está no que separa, no espaço que existe entre duas bocas.
O desejo alimenta-se do desencontro. Que não é o não encontro, mas um encontro que se dá em tempos diferentes.
Vive na corda bamba. Naquele (des)equilíbrio. Na forma como nos agarramos e empurramos. Para não nos encontrarmos, para não nos perdermos.
Vives em mim como uma personagem, com as máscaras que te vesti, não sendo tu, és outro, aquele que escolhi.
p.s.: Dos grandes amores só se escreve quando acabam. Os desejos, vivem mais no papel que no coração, ou no corpo, ou noutro sítio.
*O desejo vive na corda bamba.
Então para quando mais textos!!!
ResponderEliminarAs vezes quero fazer uma pausa de trabalho venho aqui para ler qualquer coisa descontraida e nada!!!!
Ass: Rui Ramone
agora é só curtinhas, estou em semi-retiro :)
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